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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quase 15.

O texto a seguir foi escrito por mim na véspera do meu aniversario de 15 anos, exatamente em 11/2/09 enquanto eu matava aula no primeiro ano. Entreguei ao meu então professor de Gramática, Augusto, que gentilmente me devolveu uns meses depois, junto com muitos bons conselhos:


"Então é assim? Não somos nada mais do que um número? O coletivo não importa, cada um é uma bolha, cada um vive do jeito que não lhe afeta e o jeito que isso afeta o outro tanto faz.
E eu, que quero protestar, não posso? Não seria esse o meu espirito egoista? Eu não sou uma estatistica, eu ainda tenho olhor e coração, eu ainda me sinto igual a qualquer um na rua, porque ainda somos humanos.


E por que somos todos enumerados e obrigados a conviver entre quatro paredes opressoras que acabam com nossos sonhos? Ou melhor, nossos sonhos de um futuro bom. Paredes essas que plantam sempre a mesma ideia: estude, esqueça seus valores, ganhe dinheiro, SEJA GRANDE.
Completo quinze anos amanhã e meu futuro brilhante está açi na esquina, e tudo o que eu quero é desistir. Desistir porque ou eu me torno um androide ou eu morro de fome.


Não acho justo perder 20 anos estudando pra uma prova capitalista disfarçada de "amiga dos que querem alguma coisa da vida". Então só o que eu posso querer é uma aprovação? O que há de bom em mim chama-se "biologia", "fisica"? Eu acho que não. Se fosse assim eu poderia agredir brutalmente alguem e passar em primeiro lugar. Mas mesmo sendo uma agressora, eu seria aclamada. (e não é o que acontece?)


Ainda sendo uma criança que tem medo do escuro, comcluo que já não passo de um numedo. E eu to matando aula de fisica pra escrever isso, talvez nem numero eu seja."


Dois anos e meio se passaram. Vejo o que eu me tornei, uma aspirante a numero, frustrada e afundada em soluções pouco eficazes. Isso tudo era e ainda é uma verdade pra mim e nunca vai deixar de ser. Mas confesso que me assusta lembrar que aos catorze anos eu já via que ia ser assim.