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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Notas sobre mim e sobre nada.

Não sei dançar se estiver sóbria. Tropeço nos meus pés e começo a rir nervosamente, rezando pra música acabar logo. Trauma de infância, timidez ou total ausência de traquejo social mesmo. Não melhora quando eu bebo, mas pelo menos eu não percebo que estou parecendo uma minhoca no sol. Não sei, não sei mesmo lidar.

Da última vez que andei de bicicleta, atropelei um vendedor de churros na orla da Lagoa. Minhas amigas juram que a culpa é minha, mas por que diabos estava o vendedor de churros parado na ciclovia? Ok, eu não sou boa de puxar o freio das coisas mesmo. Nunca evitei me apaixonar, desapaixonar, chorar, começar tudo de novo e ainda rir de mim por isso. Nunca evitei viver.

Durmo pouco, mas sou sempre a primeira a ir embora da festa. Por algum motivo vindo do além, não consigo ficar muito tempo em qualquer lugar que seja. Vivo basicamente de ir embora. Da festa, do trabalho, da cidade. Aí está outra coisa que não consigo evitar: quando dá a minha hora eu simplesmente vou. Sempre achei que o meu problema era morar na roça, mas mesmo na cidade grande eu ainda quero ir embora pra algum lugar que nunca vi, mas parece melhor. (Talvez por isso mesmo)

 A felicidade e a melancolia moram juntas por aqui, e vivem bem, viu? Já vivi o suficiente pra saber que tudo se encaixa, mas que tudo passa também. No fim é só lembrança trancada no fundo da memória, ninguém quer ou ninguém pode saber. A beleza está em observar e simplesmente aceitar como as coisas acontecem.

Aceitar os defeitos. Os poros dilatados, a inaptidão pra dirigir ou dançar, o medo irracional de répteis. O nariz torto, o cabelo com frizz. A falta de talento para cozinhar, o gosto por filmes esquecidos. A dificuldade de fazer coisas que parecem tão simples pros outros.

E depois disso, amar as coisas simples. O Sol que entra pela janela, a língua fofa dos bichinhos de estimação, a canção preferida que toca no rádio falando de liberdade bem quando você está a caminho do escritório.

Não sou boa de me dissolver na multidão, mas até que estou bem assim. Vivendo um dia de cada vez e sentindo tudo o que tiver sofrer. E sorrir.