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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O mundo pode ser bom, se você procurar ser melhor.

Eu já fui muito machista. Até você, que tá na faculdade de serviço social ou de história agora, você também não nasceu no prédio de humanas e  provavelmente já foi muito machista em algum momento da sua vida. Mesmo que tenha sido há séculos atrás no jardim de infância. Acho que todos nós já fomos machistas um dia, mesmo sem perceber, mesmo jurando de pés juntos que não. Até quando já estávamos caminhando pra um momento de ter opinião sobre as coisas, provavelmente ainda éramos machistas. E provavelmente ainda somos machistas (ou racistas, ou homofóbicos, ou várias coisas) em algum aspecto que espero ser possível perceber e corrigir o mais rápido possível.

Acontece, que o que pintam pra nós, é que o feminismo é queimar sutiã. É que o feminismo é abrir mão da sua vida normal pra ir bater panelas por aí. Pintam pra gente que o feminismo significa ser "feia". Assim, entre aspas porquê beleza é relativa desde que o mundo é mundo, mas a gente cresce achando que só existe ou "feio" ou "bonito" e uma coisa nunca pode ser outra. Eu mesma, juro pra vocês, sem nenhuma vergonha, que até o fim do ensino médio era isso mesmo que eu achava. Eu e muita gente que eu conheço, por sinal.

Eu mudei seriamente desde então. Essas pessoas também mudaram,  assim como várias outras pessoas mudam quando recebem a devida explicação. Mudar a opinião dos outros é muito difícil, mas não é tão impossível assim mudar a própria opinião. Não é tão impossível assim se informar diretamente com quem faz um movimento, qualquer que seja, em vez de se informar com quem está contra ele. É fácil ficar de um lado, quando você só escutou ele a vida inteira. Ninguém aprende feminismo no ensino fundamental e quase ninguém aprende feminismo em casa. Eu só tenho 20 anos, não fui pro colégio há tanto tempo assim e posso dizer que nunca aprendi uma virgula sobre identidade de gênero lá. Primeiro passo: se você não procurar se informar, você não vai aprender. Não é do interesse das pessoas "grandes" que você saiba sobre isso, mas pode ser do seu interesse que todos saibam.

Uso o feminismo aqui como o ponto principal, por englobar diversos problemas e não só um, mas me refiro a todo e qualquer movimento. Se você está na internet, se está conectado com o mundo de informação em que tudo acontece em tempo real, vista a carapuça do respeito e vá procurar saber. Mesmo que você não queira ir pra rua, ou coisa assim, eliminar piadas e comentários desnecessários do seu cotidiano já faz uma diferença que você nem imagina. Ou até mesmo não usar frases feitas tipo "é fácil ser a favor do aborto quando você já nasceu" ou "cadê o serviço militar obrigatório para mulheres?" sem pensar sobre o que isso quer dizer antes e sem prestar atenção se isso cabe mesmo naquela discussão também.

Digo isso, porque muitas vezes a gente repete - sim, NÓS, porque eu não sou perfeita - opiniões que já ouvimos por aí, sem pensar que sentido isso faz. E isso vale pra tudo, desde mitos bizarros tipo "apontar estrela dá verruga no dedo" a opiniões extremamente absurdas tipo "foi estuprada porque tava na rua de madrugada". São frases feitas. A gente já ouviu isso um monte de vezes e de vez em quando repete no automático, porque é o mais aceito, porque até no churrasco de domingo alguém disse isso. Segundo passo: se policiar e prestar atenção no que está dizendo também não mata ninguém.

O que eu quero dizer aqui, é que tornar o mundo um lugar melhor, depende muito das nossas pequenas atitudes também. Se informar com os dois lados de uma situação, prestar atenção na opiniões que está reproduzindo e por fim, mas não menos importante, procurar informar outras pessoas. Isso todo mundo pode fazer num dia normal. Na mesa com a familia, no ambiente de trabalho. Sem precisar declarar uma guerra. Se você for você, mas um você mais informado (e informado nos lugares certos), o mundo já se torna um lugar bem melhor pra viver. E se você for você mais informado e não tiver vergonha de assumir que mudou de opinião, melhor ainda pra todos nós.